You are currently viewing O sim que pode salvar vidas

Uma pergunta feita freqüentemente pelas pessoas é se há vida após a morte? Se você é doador de órgãos a resposta é sim. Um doador pode salvar a vida de sete ou mais pessoas. A carência de órgãos para transplantes é enorme. E, a princípio, tudo pode ser doado: órgãos (rim, coração, pulmão, fígado, pâncreas), tecidos (córnea, osso, pele), medula óssea e sangue.

Hoje o Brasil tem o maior programa de transplantes do mundo, seja em relação ao número de transplantes realizados, à seriedade do programa e à qualidade do serviço por intermédio das equipes e centrais de transplantes. Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) financia 92% dos transplantes realizados no país.

Para ser doador de órgãos o paciente deve sofrer morte encefálica, que é a morte do cérebro. Quando isso acontece, a parada cardíaca é inevitável. Embora ainda haja batimentos cardíacos, a pessoa com morte cerebral não respira sem aparelhos e o coração não baterá por muito tempo. Neste caso, para que a doação efetivamente ocorra, a família do doador deverá solicitar a direção do hospital do Estado onde o paciente está internado para que informe a existência do diagnóstico de morte cerebral e à Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos – CNCDO, que tomará as providências necessárias.

De acordo com a legislação brasileira sobre transplantes, a doação só acontece com o consentimento da família após a confirmação da morte encefálica. A doação de órgãos no Brasil é regulamentada pela lei nº 9.434 de 04 de fevereiro de 1997 e pela Lei nº 10.211 de 23 de março de 2001 que reconhecem duas situações:
1. Doação de Órgãos de doador vivo, familiar até 4º grau de parentesco, mais freqüentemente de rim, pois é um órgão duplo e não traz prejuízo para o doador, e
2. Doação de Órgãos ou tecidos de doador falecido, que é determinada pela vontade dos familiares até 2º grau de parentesco, mediante um termo de autorização da doação. Para facilitar esse processo de doação a pessoa deve deixar dito ou registrado em vida sua vontade de doar. Pois na hora da morte a família muitas vezes fica sem saber o que fazer por desconhecer o procedimento ou por não saber se era vontade da vítima.

“Esse medo em ser doador é uma questão cultural. As pessoas muitas vezes tem medo que haja um falha no diagnóstico. Mas o que deve ficar claro é que além do diagnóstico clínico são exigidos outros exames para comprovar a morte cerebral, eliminando qualquer dúvida que possa comprometer a liberação dos órgãos”, explica o professor da disciplina de nefrologia do curso de medicina da Unisul Dr. Alfredo José Moreira Maia. Até na internet as pessoas estão deixando registrados a sua vontade de ser doador. O orkut, que é um site de relacionamento, onde pode-se adicionar amigos e comunidades que se identifica, virou uma febre mundial e a maioria de seus usuários são brasileiros. Nele existem inúmeras comunidades que são tituladas, por exemplo, Eu sou doador de órgãos, e em apenas uma delas já existem 21 mil participantes.

A doação de órgãos no Estado

Desde 1999, quando a legislação que regulamenta o transplante de órgãos foi efetivamente colocada em prática no Estado, até o ano de 2004 o número de transplantes realizados anualmente em Santa Catarina aumentou 170%. Números positivos, que colocaram a região na posição de quarto Estado transplantador do país, perdendo apenas para São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná.

O Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), de Tubarão, é o único da região da Amurel credenciado a realizar captação de órgãos. O processo de captação múltipla de órgãos no HNSC teve início no ano de 2001 com a aprovação do Ministério da Saúde. Mas, somente no mês de dezembro de 2002 foi estruturada uma comissão que começou a atuar nesta área. A primeira captação de córneas foi realizada no mesmo mês de criação da comissão e no mês de novembro de 2003 foi dado início ao processo de captação múltipla de órgãos. No ano 2004 foram captados 12 córneas, um fígado, dois rins, duas escleras, um pulmão e duas válvulas.

Dados confirmam o aumento no número de transplantes:

Transplantes realizados em SC em 2004 415 transplantes realizados:
110 rins, 213 córneas, 1 coração, 1 osso, 1 válvula cardíaca, 15 fígados, 44 escleras e 30 medulas ósseas

no 1º semestre de 2005 foram realizados 187 transplantes em SC: 49 rins, 87 córneas, 1 coração, 1 osso, 10 fígados, 15 medulas ósseas e 24 escleras

Mesmo com esse crescente aumento no número de transplantes a fila de espera ainda preocupa. Segundo a Central de Transplantes de SC no mês de junho deste ano de 2005 haviam 1.500 pessoas na espera de um órgão. São 1031 precisando de córneas, 14 um coração, 46 um fígado, 9 uma válvula cardíaca, 32 um osso, 11 uma medula óssea, 5 um rim/pâncreas, 1 um pâncreas, 6 escleras, 345 um rim.

Em vida também é possível ser doador. O pulmão, o rim e o pâncreas são órgãos que podem ser doados em vida. Em Tubarão há uma clínica de doenças renais que faz a terapia renal substitutiva, que substitui a função renal, essa terapia chama-se hemodiálise. Essa clínica atende toda a Amurel.

A hemodiálise é um procedimento que filtra o sangue. Através da hemodiálise são retiradas do sangue substâncias que quando em excesso trazem prejuízos ao corpo, como a uréia, potássio, sódio e água.

“A doação de rim geralmente é feita para algum parente próximo devido a semelhança que possuem. É mais fácil de o receptor ser compatível”, diz Maia.

PACIENTES LISTA ESPERA PARA TX – 30/06/2005
CÓRNEA 1031
CORAÇÃO 14
FÍGADO 46
VALVA CARDÍACA 9
OSSO 32
MEDULA OSSEA 11
RIM/PÂNCREAS 5
PÂNCREAS 1
ESCLERAS 6
RIM 345
TOTAL 1500

Fonte: Noticias – UNISUL