JAGUARUNA – A primeira, e mais demorada, etapa da construção do Aeroporto Regional Sul de Jaguaruna está pronta. Quem, em 12 de julho de 2002, início da obra, teve a “premonição” de que jamais veria algum avião pousar naquele lugar, cometeu um grande equívoco. Só nesta sexta-feira, quatro aeronaves – dois aviões Sêneca, um Learjet e um Skywalk – baixaram em solo jaguarunense.


É bem verdade que para se ver essas e outras aeronaves pousarem e aterrissarem com a regularidade de escala comercial ainda falta muito investimento. Um valor ainda não conhecido. O governador Luiz Henrique da Silveira aproveitou a solenidade para assinar a autorização para a licitação das empresas que vão elaborar os 22 projetos que ainda faltam para a conclusão da obra. Só a elaboração dos projetos tem um custo aproximado de R$ 690 mil, dinheiro que virá do Fundosocial. O dinheiro para a execução da obra propriamente dita também segue os mesmos critérios anteriores: 70 % dos recursos virão da União e 30 %, do Estado.


Nessa primeira etapa foram gastos R$ 22.404.739 – R$ 10.433.000 da União e R$ 11.971.000 do governo do Estado.



Multidão – Sob um sol insuportável, aproximadamente mil pessoas – estimativa de policiais militares presentes – se espremeram entre carros e cercas de arame para assistir à solenidade. Muitos dos presentes eram agricultores que ainda não receberam a indenização pela desapropriação das terras. “Quero ver o que essa gente tem a dizer”, disse um deles, na platéia, que não quis se identificar. Estima-se que restam pagar aos agricultores que tiveram terras desapropriadas cerca de 40% do total de R$ 1.150 milhão.


Esse dinheiro ficou a cargo dos municípios. “Alguns valores precisam ser atualizados, mas eles sabem que vão receber. Fizemos um acordo com os agricultores para que a obra não parasse por causa disso”, disse o prefeito de Jaguaruna, Marcos Tibúrcio (PP).


O evento, marcado para iniciar às 15 horas, só começou depois das 16h, quando, enfim, chegou o governador do Estado. No mesmo avião, vieram outros políticos, entre eles a senadora Ideli Salvati (PT) e o deputado federal Jorge Boeira (PT).


O palco armado em uma área ao lado da pista estava apinhado de repórteres, fotógrafos, empresários e, claro, de políticos, muitos, ávidos para tirar para si um naco da paternidade da obra. Muitos outros até gostariam de estar lá em cima, mas tiveram que se contentar na platéia.


Discursaram secretários de Estado, prefeitos, empresários, representantes de classe, deputados estaduais e federais e só então o governador, quando já não restava nem metade da platéia inicial.


Em todos os discursos as autoridades foram uníssonas: o aeroporto representa uma possibilidade de desenvolvimento regional inigualável. “Em dez anos poderemos ver o que não vimos em 100”, ressaltou o prefeito de Jaguaruna, Marcos Tibúrcio. O governador Luiz Henrique e o secretário de Desenvolvimento Regional de Tubarão, Ademir Matos, frisaram o esforço de todos, em nível regional, estadual e federal, para que a obra chegasse onde chegou.


Já o prefeito de Laguna, Célio Antônio (PT), é cético. “Vai depender da demanda que tiver. Se não tiver passageiro e cargas, não vai pra frente. Mas claro que sou favorável e vejo como uma importante alavanca para o desenvolvimento da região e torço para que dê certo”, ponderou.


Além do incógnita do montante de investimentos necessários para finalizar a obra, há o temor de que, como tantas outras obras no país, o dinheiro não seja liberado ou nem exista. Não é esse o pensamento do prefeito de Tubarão, Carlos Stüpp (PSDB). “Não tenho dúvida que não tem como voltar atrás nessa obra. Ninguém seria capaz de investir tanto dinheiro para nada”, disse, otimista.

Fonte: Diario do Sul