Marina Silva fala a mais de quatro mil gestores em encontro
CNM
A quarta-feira, 19 de maio, foi um dia de grande repercussão nesta edição da Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. No fim da manhã deste segundo dia de encontro, a pré-candidata à Presidência da República pelo Partido Verde (PV), Marina Silva, falou aos 4,5 mil gestores municipais presentes no auditório sobre os princípios éticos que pretende manter no seu governo, caso seja eleita no fim do ano. O presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, mediou a discussão.
Professora, Marina frisou em seu discurso a precária situação que se encontra a Educação no Brasil, mas falou também em outros assuntos, como a Reforma Tributária. Sobre esse primeiro tema, a pré-candidata falou sobre a possível implantação de um Sistema Único de Educação – inspirada no Sistema Único de Saúde (SUS). "O Brasil precisa de algo que pense no ensino da população desde a educação infantil até a universidade", defendeu.
Ainda sobre Educação, Marina falou sobre a possível implantação de creches comunitárias em regiões carentes do Brasil. A pré-candidata explicou já ter passado por situações que fazem com ela se coloque no lugar destas mães que não têm com quem deixar os filhos ao ir para o trabalho.
Reforma Tributária
Marina criticou a pulverização de emendas constitucionais relacionadas à questão tributária que estão em trâmite e defendeu uma discussão mais profunda que reúna as reivindicações da União, dos Estados e dos Municípios. Para ela, o momento é de "repactuar valores", inclusive em relação à Reforma Tributária.
"Não estamos mais no período de 'puxadinhos tributários'. O tempo todo se cria um puxadinho atrás do outro, não se encara o problema fundamental que é a Reforma Tributária", declarou.
Meio Ambiente
Marina repetiu uma célebre frase do presidente Ziulkoski: "Os problemas do Brasil acontecem nos Municípios". A pré-candidata se referia à falta de políticas voltadas para prevenção de catástrofes ambientais, como as que ocorreram recentemente principalmente nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Chamou os desastres de "eventos externos" e disse que eles não devem ser confundidos com meros fenômenos naturais. Ainda de acordo com suas declarações, durante a Conferência do Meio Ambiente, ECO 92, no Rio de Janeiro, há quase 20 anos, cientistas e ambientalistas tentaram alertar o mundo em relação aos eventos, "mas não foi o suficiente", lamenta.
Royalties
Sobre a distribuição igualitária dos Royalties do petróleo, a pré-candidata preferiu não se comprometer, disse apenas que os contratos já firmados devem ser preservados. Alegou que a discussão é de grande responsabilidade e deve ser pautada para depois das eleições, em outubro. "A minha posição é que não se fale de Royalties agora, apenas após as eleições", disse Marina.
A candidatura
Consciente de que falava diante de milhares de gestores municipais, Marina garantiu que não estava ali para fazer propaganda política enganosa. "Se eu estivesse interessada em fazer discursos políticos para favorecer a minha candidatura, eu diria a vocês, prefeitos, que faria de tudo para que os Royalties fossem divididos igualitariamente, por exemplo. Me aproveitaria da situação, mas não vou fazer isso", desabafou a pré-candidata.
Marina foi senadora da República por 16 anos e abandonou o cargo para poder concorrer à presidência. Ela garantiu que não largaria um mandato seguro se não acreditasse numa possível candidatura. "Poderia ficar por 24 anos no Senado e não fazer mais nada de inovador. Seria um lindo bonsai em cima da mesa. […] Mas prefiro ser relva no campo do que bonsai no palácio", finalizou Marina – aplaudida de pé pelos presentes.