O governo de SC anunciou ontem uma dose para tirar a saúde pública do estado crítico em que se encontra. O programa Pacto da Saúde prevê investimento de R$ 500,5 milhões para ampliar o atendimento em 19 hospitais e maternidades de todas as regiões.

Mesmo reconhecendo a importância da medida, principalmente por levar consultas e exames especializados ao interior e dar fim a ambulancioterapia rumo à Capital, a não inclusão de pessoal preocupa setores.

Os recursos para as ações serão captados junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e devem ser liberados pela presidente Dilma Rousseff dentro de 60 dias. Serão injetados na criação de 985 leitos hospitalares, 177 de UTI e 21 policlínicas (10 novas e 11 readequadas). A ampliação do atendimento deverá resultar em 57 novas salas cirúrgicas, além de 35 mil internações e 120 mil consultas. Obras devem estar prontas em três anos.

O governador Raimundo Colombo acredita que com os investimentos nenhum paciente precisará se deslocar mais de 100 quilômetros para realizar uma consulta especializada ou uma cirurgia complexa. O programa faz parte do Pacto por Santa Catarina, que prevê a aplicação total de R$ 5 bilhões em setores como Infraestrutura, Segurança Pública, Educação, entre outros.

Entidades como o Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde Público Estadual e Privado de Florianópolis (SindiSaúde) e Sindicato dos Médicos do Estado de Santa Catarina (Simesc) reclamam da carência de funcionários.

– A defasagem de pessoal hoje no Estado é de cerca de 3 mil servidores. É necessário contratar mais gente, por meio de concurso público, e garantir que os recursos anunciados sejam aplicados em hospitais gerenciados apenas pelo SUS – sugere Cláusio Pedro Vitorino, diretor do SindiSaúde.

Para o presidente do Simesc, Cyro Veiga Soncini, algumas unidades deveriam ter sido melhor contempladas. como o Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, onde trabalha:

– Temos 80 leitos fechados por falta de profissionais. Só três salas cirúrgicas funcionam. Temos anestesistas e cirurgiões, mas não a enfermagem.

Mais gente para trabalhar

O presidente do Simesc, Cyro Soncini, reconhece que o Estado tenta resolver problemas, como com a contratação de cerca de 611 profissionais para o Hospital Regional, em São José. Mas alerta:

– Sem pé a cadeira cai – sugere, a respeito dos cerca da falta de funcionários.

O Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), na Capital, finalmente poderá ser finalizado. Cerca de R$ 9 milhões destinam-se a obras e R$ 6 milhões para a compra de equipamentos. Os recursos serão aplicados na UTI, Centro Cirúrgico e Centro de Material Esterilizado. O hospital atende cerca de 5 mil pessoas por mês. Com a ampliação, haverá incremento de 15% a 20%. Mas a médica Maria Tereza Schoeller, diretora da instituição, reconhece que somente a ampliação de estrutura não irá resolver os problemas. Com o aumento, haverá a necessidade de contratar mais funcionários.

Para onde vão os R$ 500,5 milhões

Hospital Florianópolis

R$ 30,1 milhões em obras

O que será feito

– construção com área de 12.351m²

– 164 leitos

– 30 leitos de UTI adulto

– 6 salas cirúrgicas

– 7 leitos de recuperação pós-anestésica

– ampliação do centro de material esterilizado

R$ 8,8 milhões para compra de equipamentos

 

Hospital Governador Celso Ramos (Florianópolis)

R$ 14,3 milhões em obras

O que será feito

– construção da torre de emergência com heliponto

– 70 leitos de ortopedia

R$ 2,7 milhões para compra de equipamentos

 

Infantil Joana de Gusmão (Florianópolis)

R$ 14 milhões em obras

O que será feito

– construção do pavimento técnico

– ampliação do almoxarifado

– construção da central de utilidades

R$ 4,7 milhões para compra de equipamentos

 

Novo Instituto de Cardiologia de SC

R$ 49 milhões em obras

O que será feito

– construção com área de 20.578 m²

– 145 leitos

– 40 leitos UTI

– 12 leitos pós-anestésica

R$ 11,4 milhões para compra de equipamentos

 

Regional de São José

R$ 10,9 milhões em obras

O que será feito

– ampliação de centro cirúrgico

– 4 salas cirúrgicas

– 4 leitos de recuperação pós-anestésico

R$ 7,9 milhões para compra de equipamentos

 

Regional Hans Dieter Schmidt (Joinville)

R$ 21,1 milhões em obras

O que será feito

– nova área de 6.500 m²

– 150 leitos

– 04 salas cirúrgicas ambulatoriais para o Hospital Dia

R$ 12,1 milhões para compra de equipamentos

 

Hospital e Maternidade Tereza Ramos (Lages)

R$ 45,4 milhões em obras

O que será feito

– nova área com 17 mil m²

– 92 leitos

– 30 leitos de UTI

– 10 salas cirúrgicas

– serviço de emergência para o centro de diagnóstico por imagem

R$ 14,3 milhões para compra de equipamentos

 

Hospital São Paulo (Xanxerê)

R$ 10 milhões em obras

O que será feito

– ampliação de 9 mil m²

– ampliação do serviço de imagem

– unidade de hemodinâmica

– 10 leitos de UTI coronariana

 

Regional do Oeste (Chapecó)

R$ 20,5 milhões em obras

O que será feito

– centro cirúrgico com 12 salas

– 10 leitos de UTI adulto

– 7 leitos UTI coronariana

– 10 leitos UTI pediátrica

– 27 leitos de recuperação pós-cirúrgica

– 56 leitos de oncologia

– 36 leitos de quimioterapia

R$ 10,5 milhões para compra de equipamentos

 

Marieta Konder Bornhausen (Itajaí)

R$ 41,6 milhões em obras

O que será feito

– nova área de 21.477 m²

– 250 leitos

– 21 leitos de atendimento de emergência

– 20 leitos de UTI adulto

– 20 leitos de UTI neonatal

– 189 leitos de internação

– ambulatório de especialidades

– unidade para pacientes de oncologia

– ampliação do centro cirúrgico com 13 novas salas e centro obstétrico

R$ 7,4 milhões para compra de equipamentos

 

Waldomiro Colautti (Ibirama)

R$ 4,2 milhões em obras

O que será feito

– ampliação da emergência

– construção da subestação de energia elétrica

R$ 1,2 milhões para compra de equipamentos

 

Centro de Pesquisas Oncológicas – Cepon (Florianópolis)

R$ 9,4 milhões em obras

O que será feito

– 4 salas cirúrgicas

– 7 leitos de recuperação

– 13 leitos de UTI

R$ 5,6 milhões para compra de equipamentos

 

Nereu Ramos (Florianópolis)

R$ 7,7 milhões em obras

O que será feito

– construção da farmácia e almoxarifado

– construção de ala de tisiologia ( para tratamento da tuberculose)

R$ 1,5 milhões para compra de equipamentos

 

Melhoria de infraestrutura no valor de R$ 27,1 milhões para obras em:

– Regional de Araranguá (Araranguá): mais R$3,5 milhões para compra de equipamentos

– Santa Tereza (São Pedro de Alcântara): mais R$ 729 mil para compra de equipamentos

– Instituto de Psiquiatria (São José): mais R$ 950 mil para compra de equipamentos

– Maternidade Catarina Kuss (Mafra): mais R$ 1,4 milhões para compra de equipamentos

– Maternidade Carmela Dutra (Florianópolis): mais R$ 1,5 milhões para compra de equipamentos

– Maternidade Darci Vargas (Joinville)

 

Policlínicas

21 policlínicas (10 novas e 11 readequadas): 103,4 milhões

 

Fonte: Ângela Bastos

– Diário Catarinense