A programação do Simpósio Internacional: Crise de Representatividade – desafios e oportunidades para o Controle Externo", promovido pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina, debateu, nesta quarta-feira (13/11) pela manhã, o trabalho dos órgãos de controle frente à nova era da comunicação social, representada pelo poder das redes sociais. O palestrante Antonio Arias Rodríguez, síndico de Contas do Principado de Asturias, na Espanha, apresentou números que mostram o potencial das redes sociais no cenário da comunicação internacional.
Segundo Arias, atualmente estima-se em 2,5 bilhões o número de usuários das redes sociais em todo o mundo. Somente na Espanha, pesquisas indicam que 70% da população usa estes serviços. "As redes sociais fazem parte da nossa vida", afirmou, ressaltando no entanto que, "apesar dessa ampla publicidade, os órgãos de controle utilizam muito pouco as redes sociais".
Na sua opinião, muito das questões de crise de representatividade tem relação direta com as deficiências de comunicação do trabalho realizado no setor público, que não tem atingido a população de forma mais efetiva.
Outro aspecto levantado pelo síndico de contas espanhol é que os que se utilizam das redes sociais não são apenas usuários, no sentido de consultar notícias, mas também são produtores de informações, caracterizando o que ele chama de "prossumidores", ou seja, produtores e consumidores simultaneamente.
Arias compara a relação entre a mídia tradicional e as redes sociais, afirmando que, enquanto na imprensa diária, apenas 15% dos leitores caracterizam-se como produtores de informação, nas redes sociais este índice sobe para 45%. E todo esse material informativo produzido via redes sociais acaba exercendo "uma grande influência social, econômica, política e cultural", destacou.

Corrupção
O promotor de Justiça de Santa Catarina, Affonso Ghizzo Neto, idealizador da campanha "O que você tem a ver com a corrupção", também proferiu palestra nesta quarta-feira (13/11), abordando o tema "Corrupção, estado democrático de direito e educação". Ghizzo destacou que, historicamente, "todas as manifestações populares, pelo mundo, expressam uma crise de representatividade". Segundo ele, a causa principal das revoltas populares é que o cidadão não se sente representado por aqueles que elegeu para exercer cargos na estrutura administrativa pública, em face dos sucessivos atos de corrupção e má gestão do erário.
Em sua exposição, ressaltou que a participação social, aí incluídas as manifestações de insatisfação popular, são fundamentais para o aprimoramento da administração pública. "Foi graças às manifestações de junho que vimos concretizada a revogação da PEC 37 (Proposta de Emenda Constituiconal nº 037/2011) que limitaria o poder de investigação criminal a polícias federais e civis, retirando-o de outras organizações, como o Ministério Público", salientou.
O Simpósio Internacional: Crise de Representatividade – desafios e oportunidades para o Controle Externo foi promovido pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina de 11 a 13 de novembro. Contou com o apoio da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), Instituto Rui Barbosa (IRB), Associação Brasileira dos Tribunais de Contas dos Municípios (Abracom), Governo do Estado de Santa Catarina, Assembleia Legislativa do Estado (Alesc), Tribunal de Justiça do Estado (TJ), Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Federação Catarinense de Municípios (Fecam) e Instituto de Direito Administrativo de Santa Catarina.

Fonte: Acom – TCE/SC