Os participantes do XVI Sinaop – a maioria engenheiros – tiveram a oportunidade de saber mais sobre o processo de construção da Ponte Estaiada Anita Garibaldi. A experiência foi relatada pelos engenheiros do Consórcio Camargo Corrêa/Aterpa M.Martins/ Construbase, Maury Maiconi Morales e Gudmarques Ferreira Nunes.
A obra, localizada sobre o canal de Laranjeiras, teve um orçamento inicial de R$ 650 milhões e deverá estar concluída em maio de 2015. Segundo os engenheiros, esta é a primeira ponte estaiada em curva suspensa por um único central de estais do Brasil. Com uma extensão de 2.830 metros, duas pistas de rolamento com duas faixas de 3,6 metros mais acostamento, a obra emprega 1600 funcionários e consome 91mil m³ de concreto e 12 mil toneladas de aço. O processo construtivo adota tecnologias inovadoras, como o sistema de treliça para içamento importado de Portugal.
Segundo o engenheiro Maury, a obra requer minucioso planejamento para que a execução esteja de acordo com as normas. Ele informou que as atividades predecessoras – construção do canteiro das obras, dragagem, apoio náutico, resgate arqueológico e desvio de trânsito – foram realizadas mediante planejamento refinado, assim como o estudo da infraestrutura. "Numa obra deste porte, que envolve grandes volumes, não se deixa o planejamento para o pessoal do campo. E, tenho certeza, com planejamento a qualidade e os prazos serão melhores", alertou.
Rodovias e escolas
As condições das rodovias e das escolas públicas fizeram o contraponto com a experiência da ponte de Laguna. Enquanto nesta última, os participantes puderam conhecer os bastidores de uma experiência positiva de gestão, planejamento e execução de uma obra de grande porte, nas apresentações seguintes, a plateia foi confrontada com a realidade de descaso e negligência do poder público com estradas e escolas.
O engenheiro do TCE/SC José Roberto de Sousa Filho apresentou diversas situações nas quais a segurança viária estava relegada ao último plano: estradas construídas com erros de projeto ocasionando acidentes com mortes, falta de proteção das vias, sinalizações inadequadas ou ausência delas e pouca ou nenhuma investigação efetiva sobre causas de acidentes. Segundo previsão da Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2020, os acidentes em rodovias serão a terceira causa de mortes, destacou o engenheiro José Roberto.
Quanto às escolas públicas, a situação de abandono é similar. O relato dos engenheiros do TCE/SC Gustavo Simon Westphal e João José Raimundo referiu-se à vistoria in loco realizada pelo Tribunal em 29 unidades escolares em 2011, distribuídas nas regiões norte, sul, Vale do Itajaí e Grande Florianópolis. O foco foi verificar o estado dos prédios e o que os técnicos encontraram foram fissuras estruturais, infiltrações, defeitos de impermeabilização, instalações elétricas e sanitárias precárias, ausência de equipamentos para pessoas com dificuldade de locomoção, desleixo com o sistema preventivo de incêndio. "Chegamos a encontrar uma escola com 1800 alunos com apenas seis banheiros", destacou o servidor Gustavo.
O TCE/SC incluiu os resultados desta auditoria no Parecer Prévio das Contas do Governo do exercício de 2012 e determinou à Secretaria de Educação e às Secretarias de Desenvolvimento Regional que adotassem providências para correção dos problemas. Segundo os palestrantes, a SED e as SDRs informaram que o processo estava em fase de licitação.