Cidades grandes conhecem muito bem o ônus de se oferecer à população eventos que avancem noite adentro: quanto mais tarde, mais alto o consumo de álcool (e de drogas, conseqüentemente), e maior o número de casos de violência, furtos, assaltos e afins (vide relatório de ocorrências de qualquer delegacia brasileira). Metrópoles como Nova York, Londres e Paris, por exemplo, fecham suas portas – e praticamente expulsam clientes – antes da meia-noite. Cidades conhecidas internacionalmente pela boemia, como o Rio de Janeiro, seguem uma espécie de "toque de recolher" não programado: lá a vida noturna não ultrapassa a uma hora da manhã (com exceções distintas, é bom lembrar).
"A idéia desta nova lei é fazer com que as pessoas saiam mais cedo de casa para se divertir; e conseqüentemente voltem mais cedo também", diz Anderson Pereira, chefe do Setor de Posturas, reforçando que a fiscalização será sistemática e constante em todos os mais de 3 mil estabelecimentos do gênero na cidade. Sem alvarás específicos, a casa fecha. "Existe um produtor aqui na cidade que está divulgando uma festa, destas com DJs e bandas de pagode, para este sábado. Os convites já foram postos à venda, mas devo alertar que esta pessoa sequer solicitou um alvará. Ou seja, a festa realmente não vai acontecer, mesmo que não chova, ao contrário do que informa o folheto de divulgação do evento", garante Anderson, referindo-se a um evento adolescente programado para este fim de semana, nos limites da cidade.
Bons sonhos – Vizinhos a estabelecimentos de perfil noturno devem dar graças a Deus caso as regras estipuladas pela lei municipal forem realmente levadas a sério. O professor Carlos Renato Chagas, 31 anos, morador de um prédio de apartamentos na avenida José Acácio Moreira, antevê as boas noites de sono que poderá ter: é que ele mora bem ao lado de uma boate, nas proximidades da Unisul. "Durante o ano letivo, é um verdadeiro inferno. A boate abre às quintas-feiras, às vezes às sextas também, e não há quem durma. Garotos e garotas de 12 a 18 anos, no máximo, ficam circulando aqui pela frente a noite toda, até as 7 da manhã. Impossível dormir", observa, lembrando que costuma passar as noites de quinta-feira na casa de amigos, para poder descansar de fato.
Fonte: Diário do Sul Ed.3665