Imaruí(SC), Camaquã, Barracão, Jaguarão, Canguçu do RS e outros seis municípios da Região Sul estão ingressando num novo ciclo da atividade rural. Com a implantação dos Projetos de Agroecologia Integrada e Sustentável (PAIS) diversas regiões do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina terão acesso a alimentos produzidos sem o uso de agrotóxicos ou aplicação de adubos químicos.
O Brasil tem o maior potencial do mundo para a produção de alimentos sadios e os estados do Sul estão aproveitando a oportunidade. A Fundação de Educação para o Associativismo (FEA/COLACOT), em parceria com a Fundação Banco do Brasil está implantando estruturas de produção em 275 propriedades de agricultura familiar, em Santa Catarina a parceria é com o IPPS (Instituto de Políticas Públicas e Sociais).
Nesta semana, técnicos que atuam no projeto e dirigentes de entidades parceiras participaram de um seminário, no Centro de Eventos dos Freis capuchinhos, em Porto Alegre, para avaliar o processo de implantação e definir estratégias de consolidação desse sistema de produção. Participaram representando o IPPS os senhores Richard e o engenheiro agrônomo Ildefonso Cardoso.
Uma das constatações importantes do seminário é que além de oferecer alimento de qualidade para o agricultor e sua família, o excedente está gerando excelentes ganhos para a unidade familiar. O certo é que a tecnologia social do PAIS fortalece esse tipo de produção, além de oferecer os equipamentos e a orientação técnica necessária para a implantação e consolidação da atividade produtiva.
Para fortalecer o sistema nos estados do Sul, os técnicos e dirigentes definiram a criação da Rede PAIS com objetivo de dar maior visibilidade a esta tecnologia e ampliar a divulgação dos produtos de origem orgânica. Outra ação que será empreendida na região é o processo de certificação da produção dos PAIS, para assegurar ao marcado consumidor a garantia de fornecimento de um produto de qualidade. A terceira grande medida é a transformação do PAIS em política pública. Segundo o Presidente da FEA/COLACOT, Rogério Dalló, esse enquadramento permite demandar aos governos a aplicação de recursos públicos em ações de incentivo e programas de produção e comercialização.
Essa iniciativa já ganhou adesão do Presidente da Assembléia Legislativa do RS, Adão Villaverde, que participou da abertura do evento. Ele afirmou que na medida em que essa matéria ganha o caráter de política pública o produtor e a rede passam a ter garantias e apoio para o sistema de produção. Villaverde assegurou que BRDE e Banrisul devem ser um suporte econômico para uma política pública de apoio à produção agroecológica. "O sistema financeiro tem de ter uma dimensão social e não meramente desenvolver um papel econômico". Ele garantiu que qualquer projeto nessa perspectiva terá apoio da Assembléia Legislativa para sua aprovação.
O representante do IPPS, Ildefonso Cardoso, afirmou que no sul de Santa Catarina o PAIS está representando uma reconversão da atividade produtiva rural, porque os agricultores trabalham basicamente com a produção de cana-de-açúcar, mandioca e fumo, que demanda grande utilização de agrotóxicos. "Estamos transformando a agroecologia num princípio de vida, porque vai incorporar a postura do respeito à natureza, ao consumidor e da própria pessoa que está produzindo. "Queremos que a atividade agrícola seja fonte de saúde e não de doença para as pessoas". Ele acrescenta que a produção agroecológica é muito mais do que uma proposta de agregação de renda à família do agricultor, mas de mudança da relação dele com a terra e com quem vai consumir. Ressalta ainda a importância da conquista do IPPS: colocar Imaruí neste projeto, com cidades do RS, vai trazer muitos benefícios a toda SC e aos demais municípios do Complexo Lagunar.
O engenheiro agrônomo, Marco Antônio Trierweiler, disse que a PAIS é uma tecnologia fundamental para a retomada da atividade produtiva nas novas propriedades. "Nossa experiência mostra que estamos ingressando num novo modelo de produção, que proporciona mais qualidade de vida para o agricultor, com a dispensa no uso dos agrotóxicos. Estamos falando de um papel estratégico que o país permite, superando as limitações da agricultura convencional". A grande contribuição do PAIS passa pela compatibilização de produção inovação tecnológica e preservação ambiental. Esse sistema oferece alimentos sadios para o consumidor.
Assessoria de Imprensa – (FEA/COLACOT
Elton Bozzetto – RP 10417