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Ministro Henrique Eduardo Alves

 

 

Representantes dos setores público e privado ligados ao turismo estiveram reunidos em Balneário Rincão para tratar da criação de rotas turísticas integradas entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul para melhorar o desempenho do setor em microrregiões onde o grau de desenvolvimento turístico é variável, mas todas com potencial bastante expressivo se consideradas com outras regiões dos dois estados e do país.

O Seminário de Integração Serramar aconteceu no dia 26 de novembro e contou também com a presença do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, do presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Vinícius Lummertz, do secretário estadual de Turismo, Esporte e Cultura, Felipe Melo, do vice-governador Eduardo Pinho Moreira, deputados estaduais e federais, prefeitos e representantes dês instâncias de governança do Sul catarinense e do Norte do Rio Grande do Sul.

 

A apresentação do case Beto Carrero World, pelo gestor Rogério Siqueira abriu os trabalhos do seminário, seguida pela palestra e apresentação do Projeto Aparados da Serra, pelo professor, mestre e arquiteto Luiz Gustavo Patrucco, muito aguardada pelo público. O projeto, que tem o patrocínio da Embratur faz um diagnóstico detalhado de diversas características e aspectos daquela região turística e geográfica do Rio Grande do Sul e aponta caminhos

para o desenvolvimento e integração com outras regiões, como a Encantos do Sul e o Caminho dos Canyons, no Sul do estado.

A exposição do respeitado professor Patrucco foi prejudicada pela chegada das autoridades máximas do evento, que estava prevista para acontecer mais cedo, o que não ocorreu devido às condições de pouso no aeroporto regional de Jaguaruna. Depois de ter de interromper sua palestra para a formação da mesa de autoridades, Patrucco teve que atropelar a continuação de sua fala após ser advertido deselegantemente em duas ocasiões por um assessor do ministro Alves, que ditava as regras do cerimonial. “A integração é um dos caminhos para enfrentarmos a baixa temporada, que é nosso principal problema. Temos que focar na baixa temporada. Para a alta não precisamos fazer nada. Ela já é boa”, disse Patrucco.

 

O ministro

Henrique Eduardo Alves disse que acreditava que conhecia bem o país, após 11 mandatos como deputado e pela pauta na câmara que obrigatoriamente passava por ele, mas após assumir o ministério, em abril deste ano, viu que não era bem assim. “O turismo é o primo pobre da Esplanada dos Ministérios. O governo não dá muita importância para o turismo. Há um preconceito neste país em relação ao turismo”, reclamou o ministro. Alves relatou também sobre a reunião que teve com a presidente Dilma quando da tentativa do governo de extinguir o Ministério do Turismo há cerca de 20 dias. “Ela me ofereceu o ministério da Ciência e Tecnologia, que tem um orçamento de 10 bilhões, e o turismo ficaria nesta pasta. Eu não aceitei”, assegurou Alves, o que segundo ele, garantiu a permanência do turismo com status de ministério.

Contudo, Henrique Alves vê alguns aspectos positivos para o cenário, como a declaração do ministro da Fazendo Joaquim Levy, que falou que o país precisa investir muito mais no turismo como uma das formas de inverter a saída de dólares do Brasil e buscar a vinda de turistas estrangeiros para cá. “Precisamos interiorizar o turismo e integrar as regiões, sem dúvida”, disse.

Citou também outras ações nas quais aposta para mudar em curto e médio prazos a realidade do país no turismo: mudança na política dos vistos para norte americanos até o final das olimpíadas 2016, que isentará excepcionalmente taxas aos turistas; simplificação na legislação tributária e fiscal e agilização no licenciamento ambiental para empreendimentos em áreas especiais e estratégicas de intervenção; e legalização dos cassinos no país, todas ações em andamento.

 

Aprovação na marra

Uma demonstração nada apropriada de poder ficou por conta da ordem dada por ele para que o prefeito de Balneário Rincão, Décio Góes, presente à mesa, escolhesse um dos dois projetos cadastrados no sistema Siconv e que não tinham sido contemplados, para que ele aprovasse na hora. “Minha assessoria me informa agora que o município tem um projeto avaliado em R$ 250 mil para sinalização turística e outro de R$ 299 mil para infraestrutura na orla. Qual você quer”, perguntou ao prefeito. Décio escolheu o de valor mais alto. “O outro quero ver se consigo com o governo do estado” sorriu.

A atitude do ministro, ainda que tenha ponderado que nenhum projeto já aprovado seria penalizado pela súbita ordem dele de incluir mais um projeto suscitou críticas de alguns participantes, manifestadas somente no período da tarde, quando os políticos que formaram a mesa de manhã já não estavam mais no evento. “Fico pensando como ficam os demais municípios que estão esperando pelo Siconv para ver seus projetos aprovados por critérios técnicos”, criticou Antônio João de Faveri, prefeito de Jacinto Machado e presidente da Associação de Municípios do Extremo Sul Catarinense (Amesc).

Tal qual Henrique Alves, o presidente da Embratur Vinícius Lummertz também destacou alguns avanços nas políticas de turismo, especialmente em Santa Catarina. O secretário de estado do Turismo, Cultura e Esporte Felipe Melo, os deputados federais Edinho Bez e Ronaldo Benedet, o vice-governador e o prefeito anfitrião também tiveram voz, além do presidente da Instância de Governança Encantos do Sul Adilson Silvestre. Adilson entregou ao ministro Alves, ao presidente da Embratur e ao secretário Felipe Melo uma lista de reivindicações com 20 itens considerados prioritários para a integração e o desenvolvimento do turismo na região.

 

Santur

 

O prefeito de Balneário Rincão Décio Góes comandou a mesa de debates na parte da tarde, que teve a participação, dentre outras autoridades, do vice-prefeito de Cambará do Sul (RS) José Silvano. “Quando meu município escolheu o turismo como prioridade para o desenvolvimento econômico e social, em 2000, tínhamos quatro pousadas. Hoje, 14 anos depois Cambará tem mais de 40 pousadas e uma série de atrativos organizados que mudaram o município. Sem dúvida, a organização e o foco são fatores importantes para o turismo. Viemos aqui para aprender, mas desde já somos parceiros em qualquer iniciativa de integração de regiões”, garantiu.

O presidente da Santur Valdir Walendovsky foi a atração principal da tarde. Uma das principais autoridades em turismo no estado e no país, Valdir lembrou que antes mesmo da criação do Ministério do Turismo, em 2003, o turismo mundial e o brasileiro se sustentava no âmbito do sol e o mar, característica que segundo ele não precisa ser alterada. “O que temos que fazer é trabalhar a interiorização e a integração entre regiões, explorar e criar conceitos novos como o slow food, por exemplo, criar rotas cênicas, buscar o desenvolvimento de pequenas propriedades rurais e produtos naturais, explorar melhor o termalismo, vendendo-o como tratamento de saúde, não só o banho. Walendovsky criticou alguns dois aspectos da realidade catarinense que, segundo ele, não ajudam a mudar o setor: a inércia e descontinuidade do setor público e o canibalismo do setor imobiliário de Santa Catarina. “A atividade imobiliária foi a que mais ganhou dinheiro com o turismo até hoje e nunca contribuiu com nada”, disparou.

 

Museu Ferroviário

Convidado a mostrar o case do Museu ferroviário de Tubarão, o presidente e idealizador do projeto, José Warmut Teixeira relatou aos presentes a experiência de intercâmbio e integração proporcionada pelo Museu, especialmente na recepção a grupos estrangeiros que vêm à região para conhecer o Museu, e que, após a visita, por iniciativa do próprio Warmut, acabam conhecendo outros destinos turísticos em município próximos. De uma maneira educada, Warmut deu a entender aos ouvintes que, quando não há interesses maiores do que o de atender bem e agradar aos turistas é possível fazer turismo integrado na região, diante de tantas e tão diversificadas. Warmut também anunciou a volta dos passeios turísticos em breve, o que estará sendo divulgado oportunamente.

 

O que ficou registrado

O mediador do debate Décio Góes sugeriu e a plateia acatou que fosse redigida a Carta de Balneário Rincão contendo o apontamento das diretrizes tomadas no Seminário, a manifestação de integração entre as regiões turísticas gaúchas e catarinenses e as 20 reivindicações entregues às autoridades no período da manhã.

 

Agradecimento à Amurel

O presidente da Encantos do Sul Adilson Silvestre agradeceu à Amurel por ter participado do Seminário durante todos os trabalhos e pela decisão de passar a participar de todas as reuniões da entidade.

 

 

Álvaro Dalmagro – Assessoria de Comunicação da AMUREL