O preço dos remédios está sofrendo uma alta inesperada neste fim de ano, que pode pesar até 20% a mais no bolso do consumidor. Esses produtos têm o valor controlado pelo governo federal, que autorizou reajuste médio de 5,68% em abril.
Segundo fabricantes, a alta do dólar pressiona os custos de produção, então os descontos são cortados para manter as margens de lucro. As redes, por sua vez, também acabam dando abatimentos menores aos clientes.
Representantes do setor dizem que os descontos nas farmácias variam muito de produto para produto, dependem da quantidade que elas compram dos fabricantes (quanto maior a compra, menor o preço) e da concorrência do segmento. Mas não era difícil encontrar abatimentos de até 60% nos produtos de marca oferecidos nas redes até alguns meses atrás.
Entre os genéricos, dizem esses representantes, o percentual alcançava até 80%, principalmente entre produtos com muita competição no mercado. Atualmente, a faixa média de descontos para medicamentos de marca se deslocou para patamares mais baixos, chegando até a 40%. Nos genéricos, um desconto de 50% já é considerado muito bom negócio.
Números da Pró-Genéricos mostram que a venda deste tipo de medicamento, em unidades, cresceu 10,7% no terceiro trimestre do ano, enquanto o setor esperava expansão de 15%. Segundo a entidade, esse é o reflexo da conjuntura econômica ruim, com impacto da alta da inflação no poder de compra das famílias. Mas, em valores, as vendas cresceram 21% no período, atingindo R$ 5,2 bilhões, frente aos R$ 4,3 bilhões registrados no terceiro trimestre de 2014.
O Sindusfarma, entidade que representa empresas fabricantes da indústria farmacêutica, explica que os custos de produção tiveram alta entre 30% e 40%, considerando o dólar, que acumula alta em torno de 46% no ano, o aumento da energia e os gastos com mão de obra. Como o preço dos remédios é controlado pelo governo e só aumenta uma vez no ano, não há como repassar esse gasto maior.
Outra consequência da valorização do dólar este ano foi a queda do Brasil no ranking de vendas do mercado farmacêutico global. O país ocupava a sexta posição em 2013, com faturamento de US$ 30,6 bilhões, mas caiu para a sétima este ano, com US$ 28,1 bilhões. A expectativa era que nos próximos dois ou três anos chegasse à quarta posição.
Agência CNM, com informações do O Globo