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A Associação de Municípios da Região de Laguna (AMUREL) foi mais uma vez a sede do seminário Enchente de 1974, evento organizado por vários órgãos com o intuito de lembrar o mais trágico episódio da história de Tubarão – a enchente de 74 -, discutir alternativas de prevenção contra novas enchentes e avaliar e tratar sobre as ações que já estão em andamento.

Diversas autoridades compuseram a mesa de abertura do evento, às 8h30min, no auditório da AMUREL e quase todas fizeram referência sobre a importância de manter vivo o debate sobre o tema como forma de buscar continuamente condições de prevenir e minimizar desastres naturais em Tubarão e região.

O professor José Müller, economista e ex-reitor da Unisul foi o primeiro dos três palestrantes a falar. Diante de toda a sua exposição destacam-se suas considerações sobre o prejuízo econômico que teve a região com a enchente de 74, que poderão dobrar se houver uma nova enchente semelhante. “Em 42 anos, a expansão populacional e imobiliária de Tubarão se deu de forma absolutamente irregular. Se houvesse uma enchente hoje nos mesmos moldes daquele, os prejuízos materiais seriam, pela minha avaliação, de pelo menos 2 bilhões de dólares, o dobro do prejuízo que eu calculei que tenha sido 42 anos atrás. Em vidas humanas talvez não teríamos perdas devido ao aparelhamento e estruturação da Defesa Civil, tanto municipal com dos demais municípios da região e do Estado”, acredita.

Müller lembrou de um aspecto positivo na enchente que foi a solidariedade demonstrada pela sociedade de maneira em geral, mas fez um alerta: “Uma nova enchente não poderemos mais chamar de fatalidade. Tivemos 42 anos para nos prevenirmos. Na época foi muito bom recebermos a solidariedade dos vizinhos, mas agora ela poderia não vir. Lembro que em 74, um mês depois da enchente em Tubarão, outros lugares passaram a sofrer o mesmo, e mantimentos e demonstrações de solidariedade passaram a ser bem mais escassos”, disse.

Por fim, Müller lembrou que Tubarão sofreria retrocessos com consequências imprevisíveis no campo econômico, mais agudos do que os que ocorreram na década de 70. Segundo ele, empresas e empresários iriam embora daqui, ou no mínimo deixariam de expandir seus negócios, e moradores também partiriam sem intenção de voltar, tal qual ocorreu no pós-74, e esse fenômeno teria impacto brutal no movimento econômico do município.

Dragagem do Rio Tubarão

O gerente regional da Cidasc Claudemir Souza dos Santos foi o segundo a falar e fez sua explanação na condição de coordenador da Comissão de Acompanhamento dos Estudos Técnicos do Projeto de Dragagem do Rio Tubarão. Claudemir lembrou aos presentes que o projeto executivo de dragagem do Rio Tubarão foi concluído sem que o projeto ambiental tivesse sido feito, o que foi um erro crucial no Governo do Estado, e mais uma vez criticou a Fatma pela demora em apreciar e se posicionar a respeito das reivindicações da Comissão. Lembrou que algumas das solicitações de ordem técnica feitas já foram acatadas e citou como exemplo o aumento de 29,7 km para 34 km o trajeto do rio a ser dragado.

Claudemir destacou também que o projeto é mais complexo do que muitos pensam lembrou que, a exemplo de muitas outras pessoas, ele também não tem dúvida que a dragagem, somente, não vai resolver o problema e dar segurança total em uma nova enchente. “Apontamos muitas questões, mas destaco aqui apenas as três principais, que buscamos respostas junto aos responsáveis pelo projeto ambiental: 1- Na área central da cidade, a dragagem poderá provocar um colapso das margens; 2- A dragagem também poderá aumentar a cunha salina, que é água salgada que sobe pelo rio, e pode atingir facilmente o local onde hoje é captada toda a água consumida por Tubarão e Capivari de Baixo; 3- O que fazer com o material removido do fundo do rio, que comprovadamente contém materiais poluentes como mercúrio, chumbo, arsênio, entre outros? Estas questões não são tão fáceis de equacionar, mas precisamos e cobramos respostas das autoridades”, concluiu Claudemir.

Ficou estabelecido que seria formulado um ofício a ser encaminhado à Fatma e ao Governo do Estado, a partir dos debates ocorridos neste evento sobre este tema.

 

Defesa Civil avançou

Rafael Marques, secretário de Defesa Civil de Tubarão foi o último palestrante e apresentou ações da secretaria desde 2013, e destacou que do último seminário para cá foi posto em prática o Projeto Proteção e Defesa Civil nas Escolas e Comunidades, que já alcança seis escolas municipais para alunos de 4º e 5° anos, que estão inseridas em áreas de risco. São aulas nas salas e saídas em campo para identificar as ameaças em suas comunidades. Ontem o projeto foi estendido a uma escola estadual, no Bairro Congonhas, onde não há escola municipal, mas há áreas de risco.

O secretário mostrou que a rede de monitoramento foi ampliada, com instalação de mais um pluviômetro automático, na localidade da Madre, outro no Bairro São Martinho, há 2 meses, complementando a rede existente no município, e somando aos que existem em São Ludgero e Orleans, inclusive com medição do nível do rio.

Rafael Marques destacou ainda a contratação pela Prefeitura de instituição para realizar estudos e apresentar soluções para a drenagem urbana e rural, desde ferramentas não estruturais, como leis, manuais e outros, até medidas estruturais como apresentação de anteprojetos de obras civis (galerias, tubulações, pontes, etc). Segundo Rafael, o trabalho deve ser executado em 24 meses por profissionais gabaritados em hidrologia, engenharia civil e outras áreas, que orientarão as ações para o futuro de uma cidade com soluções de drenagem compatíveis com a necessidade da população. Ainda de acordo com o secretário, esta foi uma das prioridades elencadas pelo prefeito de Tubarão e vice ao convidá-lo a assumir a Defesa Civil, com o intuito de minimizar/eliminar problemas crônicos de alagamento no município.

Por fim, foram entregues condecorações pelo prefeito de Tubarão Olávio Falchetti a dois ex-soldados (representando os demais) da 3ª Cia de Infantaria do Exército, que prestaram auxílio (socorro/salvamento) aos moradores em 1974 durante a enchente.

 Álvaro Dalmagro – Assessoria de Comunicação da AMUREL